sexta-feira, 15 de outubro de 2010

UFES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO

ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE

FERNANDA PEREIRA FERREIRA LIMA


Anorexia Nervosa



1 – INTRODUÇÃO

O estudo das obras de Freud especificamente “O mal-estar na civilização, Reflexões para o tempo de guerra e morte”, nos aponta a diversas formas de sofrimento psíquico tendo como finalidade o ideal de perfeição, remete-nos a uma análise do sentido inconsciente da Anorexia Nervosa que propõe situar o problema psicopatológico relacionando-o à concepção freudiana da melancolia e do ideal do ego.

A anorexia nervosa metaforiza a negação de um esquema corporal, no sentido que Meleau Ponty (1999) atribui ao termo. Significa a negação de um modo particular de estar-no-mundo, de uma história de vida através de uma resistência corporal ao alimento. Ou seja, a anoréxica quer negar aquilo que ela experimentou coletivamente, quer romper de certa maneira o vínculo social que a humanizou, teceu suas emoções (Maffesoli, 1998).

Ao considerar a abstinência como uma resposta individual a questões sociais (Turner, 1984), a anoréxica tenta interpretar a experiência física da dieta como uma forma de sucesso pessoal diante das crises familiares, da impotência ou inabilidade em lidar com os problemas cotidianos.


2 – DESENVOLVIMENTO


2.1 – Estudo de caso

O seguinte caso tem como protagonista uma garota que será chamada de Vitória que aos 12 anos já tinha 1,60m de altura e 49 kg, se achava gorda e tinha vergonha de sua barriga. Admirava as modelos excessivamente magras, por isso começou a fazer dietas e exercícios. Aos 13 anos estava pesando 36 kg e ainda se achava gorda. Passou então a fazer de 1 a 2 horas de exercícios 6 vezes por semana e cada vez comia menos. Afastou-se de todos os seus amigos, chorava muito e tinha vontade de morrer. Sempre que se olhava no espelho se via como uma bola e cada vez mais mergulhada em dietas e exercícios. Sua mãe percebeu que ela estava tendo tonturas e notou o quanto estava magra, resolveu então levá-la ao médico, este receitou que 3 vezes por semana deveria ir ao hospital tomar soro. Ela reagiu e disse estar se sentindo bem e no dia seguinte comeria direito e tudo ficaria bem, a mãe vendo que ela continuava tendo as tonturas a levou a força para tomar o soro. Temendo que o soro a engordasse resolveu então não comer nenhum tipo de alimento. Com isso estava pesando 32 kg e ainda assim se sentia gorda, precisava perder mais peso ainda, pois, para se sentir bonita tinha que ser muito magra porque segundo os padrões de beleza da sociedade contemporânea a mulher tem que ser assim. Sua família estava desesperada e decidiu levá-la a uma médica, ela aceitou ir pensando que mesmo se ela receitasse, não comeria e continuaria fazendo seus exercícios. Com 30 kg e muito desnutrida a médica queria interná-la porque estava com Anorexia Nervosa, mas como prometeu se alimentar, pôde ir para casa e voltar na semana seguinte. Como não cumpriu o combinado ela e seus pais levaram uma bronca da médica, eles então passaram a monitorar sua alimentação, mesmo assim conseguia burlar e esconder a comida nos bolsos e não comer. Proibida de fazer exercícios, acordava de madrugada para se exercitar.

Com ajuda e orientação da médica seus pais tiveram que radicalizar internando-a por 3 meses sendo 24 horas vigiada e obrigada a se alimentar, fazer terapia, o que a ajudou a ir se libertando desse transtorno.

Hoje com 51 kg ela tem consciência de que sem o tratamento não teria conseguido sobreviver, ainda tem um pouco de medo de se alimentar, sua auto estima está subindo, continua fazendo terapia e não tem mais vergonha de seu corpo.


2.2 Sociedade narcisista, uma neurose coletiva

A coisa mais importante para a sociedade narcisista é o espelho, isto é, as imagens. Nessa sociedade o indivíduo depende do espelho dos outros para validar sua precária ou inexistente auto-estima, traço que marca indelevelmente o melancólico. Ficando a sós consigo mesmo, cresce sua insegurança, pois ele depende de platéia e admiração. O indivíduo utiliza outras imagens para definir sua própria imagem corporal, bem como esse processo implica numa troca relacional entre indivíduos, ou seja, aquela padronizada pela sociedade como ideal de beleza a ser seguido. Em conseqüência disso, gera alguns distúrbios de rejeição ao corpo que se tem e vai em busca deste ideal dando pouca importância a vida uma vez que a saúde fica comprometida.

Segundo Freud, anorexia toma numa dimensão sintomática, ou seja, refere-se ao sintoma anoréxico e não a anoréxicas em particular, nem a uma categoria clínica isolada. Desde suas correspondências com Fliess, afirma que “a neurose nutricional paralela à melancolia é a anorexia. A famosa anorexia nervosa [...] é uma melancolia em que a sexualidade não se desenvolveu.[...] Perda do apetite – em termos sexuais, perda de libido” (Freud, 18921899/1950: 247).

A dimensão simbólica do alimento, dos rituais de comensalidade e de compartilhamento alimentar, no caso da anorexia, são imagens que estão na gênese deste transtorno. Se tomarmos a alimentação como uma expressão da socialidade, um laço tão poderoso do vínculo social, não seria a anorexia nervosa uma forma de transgressão social?

A identificação por meio do espelho ou da imagem impossibilita uma identidade pessoal positiva e leva ao auto-exame corporal e psíquico com a finalidade de detectar imperfeições, incorreções e faltas por comparação com a imagem hiper-real.

O caso de Vitória aborda a questão do desejo, que está além de suas demandas, pois traz consigo o ideal de perfeição, a marca da insuficiência que ela vive inevitavelmente num estado latente de insatisfação e a uma desordem mental. Freud & Breuer, nos trabalhos sobre a histeria, relaciona anorexia a uma síndrome histérica (Turner, 1984)

Freud (1914) diz que o narcisismo do indivíduo surge deslocado em direção a esse ego ideal, que como o ego infantil, se acha possuidor de toda perfeição e valor. O indivíduo não está disposto a renunciar à perfeição narcísica de sua infância. O que o indivíduo projeta diante de si como sendo seu ideal é o substituto do narcisismo perdido da infância na qual ele era seu próprio ideal.

A formação de um ideal aumenta as exigências do ego, constituindo o que Freud chama de o fator mais poderoso a favor do recalque.

O narcisismo não constitui por si só uma patologia, ele é um integrador e protetor da personalidade e do psiquismo. Lewknowioz (2005) fala-nos que estamos vivendo em uma cultura com características crescentemente narcisistas; onde há um predomínio do uso da imagem de ação em vez da reflexão para lidar com a ansiedade e um incentivo exagerado ao consumismo e ao culto ao corpo.

Nos pacientes de funcionamento narcisista há uma exagerada preocupação com a aparência; pequenos defeitos físicos são intensamente valorizados. Apresentam uma necessidade exagerada de serem amados e admirados, buscam elogios e se sentem inferiores e infelizes quando criticados ou ignorados. Têm pouca capacidade para perceber os outros, levando a vida emocional superficial. Há inclusive uma forte dificuldade de formar uma verdadeira relação terapêutica e de identidade.

Como o Mito do Narciso, o paciente com esse tipo de funcionamento constrói sua sensação de engrandecimento da auto-estima através de uma intensa desvalorização, rejeição e abandono dos objetos. E sobre a base dessa rejeição que o organismo se estrutura. (Lewkowicz, 2005).

É necessário realmente o ser humano ultrapassar valores para alcançar o ideal de beleza imposto pela sociedade e dessa forma comprometendo a saúde a ponto de em alguns casos chegar à morte? Do que é feito ou o que propriamente demarca os limites do corpo? Trata-se ele tão somente de um espaço físico e limite da individualidade ou suas fronteiras vão além, se alargando, sobretudo, ao espaço social em que é cultivado, incorporando dados do mundo e sendo marcado por ele, ao passo que esse encontro inscreve sentido sobre a espaço/temporalidade em que ele mesmo se fundamenta?

Segundo Freud “um ser humano se torna neurótico por não poder suportar a frustração (Versagung) imposta pela sociedade com seus ideais culturais”, sem que esta impossibilidade o leve ao ponto de negar todo e qualquer interesse por tais ideais. Para assumir tais ideais, os sujeitos devem estabelecer um certo compromisso entre suas exigências individuais de satisfação e aquilo que é socialmente permitido. Tal compromisso exige, necessariamente, aceitar uma certa frustração, submeter-se a certa coerção e conflito. Este é, para Freud, um traço geral dos processos de socialização. No entanto, os neuróticos vivem tal compromisso como fonte profunda de sofrimento psíquico. Entender as causas de tal sofrimento psíquico nos permite, por outro lado, apreender a verdadeira natureza dos compromissos presentes em todo processo de assunção de ideais, normas e valores sociais.

Dessa forma, poderemos partir da frustração patológica para, ao final, encontrar seus traços em todo comportamento normal.


3 – CONCLUSÃO

Conclui-se então que a anorexia é uma doença grave causada por fatores emocionais, como falta de auto-estima e depressão. A forma de encontrar a felicidade para essas pessoas é a beleza como forma de aceitação e bem estar, é claro que a mídia fornece a imagem do que elas querem ser, se um corpo magro é mais valorizado é isso que elas vão buscar sem pensar no absurdo que pode levá-las até a morte. Pode-se tomar a anorexia, enquanto experiência do corpo que se nega a comer, como metáfora de uma resistência à convivência social – de uma forma singular de socialidade.

A Psicanálise tem trazido grandes contribuições para o sujeito acometido desses distúrbios, sobre as configurações vinculares implicadas na produção desses sintomas e sua cura, o que a sociedade precisa é se informar, refletindo sobre a maneira com que indivíduos mobilizam sistemas de crenças, desejos e interesses, quando justificam, para si mesmos, a necessidade de adotar certos tipos de comportamento.


Referência Bibliográfica

SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.

MURTA, Claudia. Ensaio em Filosofia e Psicanálise. Vitória. Editora: Universidade Federal do Espírito Santo, EDUFES, 2009

WERTHEIMER, Michael. Pequena história da psicologia; tradição de Lólio Lourenço de Oliveira. São Paulo, Editora Nacional, 1927.

FREUD, Sigmund. Mal-estar na civilização, Frankfurt: Fischer, 1999.

FREUD, Sigmund. Totem e Tabu. Frankfurt, Fischer, 1999.

FREUD, Sigmund. A psicologia das massas e a análise do eu, Frankfurt, Fischer, 1999

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

CASOS DE FAMÍLIA

Clóvis Faustino da Silva

Aluno da Especialização em Filosofia e Psicanálise

1 - DEFINIÇÃO DO CASO

Era tarde do dia 13 de novembro de 1962, quando veio ao mundo uma criança do sexo masculino o 3º filho do casal.

A providências divina, espirituais, estimulando aos vivos, tão logo os pais com a criança de 6,5 meses de geração e que pesava 1,050 kg e cabia dentro de uma caixa de sapatos, ao chegar em casa, com ela embrulhada em uma toalha de rosto, foi providenciado algodão, e panos limpos e quentes, e a mãe diligente o aqueceu com água quente dentro de uma garrafa de cerveja, colocada ao lado do pequeno corpo, o mantinha vivo, e a noticia correu no pequeno vilarejo.

Durante todo o tempo essa criança era alimentada com leite materno, extraído com uma bomba e pingado no conta gotas na boca do pequeno, que cada dia passado vivo completava o ciclo que deveria estar no útero materno.

Passados 60 dias do episódio do nascimento do pequeno e frio José, já em janeiro de 1963 adquiriu temperatura própria, e começou ser alimentado diretamente na mama da mãe, tornando uma criança normal, e aos 8 meses de nascido pesava 8,0 kg, e era um bebê como qualquer outro para quem desconhecia a história, e para quem conhecia a história, era um milagre de Deus, ter essa criança escapado em lar tão humilde e com muita carência.

Nesse tempo os membros da família se orgulhavam e paparicava, e fazia o que podia e o que não podia para satisfazer a vontade da criança.

O pai exigia esforços de todos, de modo que José não podia chorar, a vontade dele era lei, tinha que ser cumprida.


2 - A SUPERPROTEÇÃO

A história do menino sem temperatura ultrapassou os limites do lugarejo, e chegou aos municípios visinhos, e até soubemos de outra criança nas mesmas condições em que os médicos também disseram que não havia como sobreviver devido a pré-maturidade do nascimento.

Mas José não aprendeu as mesmas lições ditadas pelos pais, para os demais filhos, ele foi tratado diferenciado, sem limites na vida, nunca teve hora para sair e muito menos para voltar, nunca respeitou os pais e os irmãos, isso devido a super-proteção dada pelos pais, em que todo desejo dele era cumprido, isto porque ele não pediu pra vir ao mundo, e quem o trouxe que se virasse para atende-lo.

Constituiu família, mas continua na dependência da família, a pesar de trabalhar, não tem controle das finanças e gasta tudo que ganha com qualquer coisa, e as dívidas batem diariamente na sua porta.

É agressivo com todos da família, e não mede as palavras e as respostas para qualquer questionamento, todos os seus erros são responsabilidades de outros, ele não erra, é perfeito.

Mas continua na dependência destes que despreza.

3 - VISÃO TEÓRICA (APRESENTAÇÃO DA TEORIA FREUDIANA)

A partir do texto apresentado, Freud vivenciando o fato, certamente iniciaria através de indagações e anamnésia, tentando entender o porquê do ocorrido, por que essa criança cresceu e tem esse comportamento com seus familiares, já que sempre o protegeram.

Certamente buscaria entender como se encontra o ego, o super ego o eu e o super eu desse indivíduo, de todas suas teorias, buscaria ajustar aquela ou aquelas que mais estivessem relacionadas ao caso em estudo.

Quando Freud tem em vista contribuir com a antropologia social, apresenta os seus ensaios relacionados à sociedade, buscando responder essas questões de cunho social sob a perspectiva da Psicanálise.

O homem narcisista que tende a ser auto-suficiente buscará suas satisfações principais em seus processos mentais internos; o homem de ação nunca abandonará o mundo externo, onde pode testar a sua força.

Qualquer escolha levada a um extremo, condena o indivíduo a ser exposto a perigos, que surgem caso uma técnica de viver, escolhida como exclusiva se mostra inadequada. Seu êxito jamais é certo, pois depende da convergência de muitos fatores, talvez mais do que qualquer outro, da capacidade da constituição psíquica em adaptar a sua função ao meio ambiente e então explorar esse ambiente em vista de obter êxito nas suas ações. O homem que, em anos posteriores, vê sua busca da felicidade resultar em nada, ainda pode encontrar consolo fugindo da realidade e dos resultados de sua própria ação, ou então se empenha na desesperada tentativa de reaprender o que é moral e respeito por si mesmo, agindo com honestidade e rebelando contra seus hábitos desprezível de desonestidade, baseado na mentira e enganando as pessoas de boa fé.

4 -INDAGAÇÕES

Por que na atualidade com a evolução do mundo moderno, com tantas possibilidades de trabalho, de escolhas diversas que melhor se ajusta a cada perfil de um ser humano, escolhe-se o indivíduo que em primeiro momento parece bom, enquanto age na busca do que quer, apresenta um comportamento dócil, e no momento que é contrariado e sua vontade não é satisfeita manifesta com agressividade contra as pessoa que o ama, será que isso o satisfaz, o faz feliz ?

Talvez isso seja em razões do tratamento protecionista recebido na infância, na sua juventude, na escola em que estudou, nos ensinamentos da religião, no convívio na sociedade e em seus mais diversos relacionamentos.

Fica claro que muito do que acontece, está relacionado a uma grande proteção familiar, que com objetivo de fazer um grande homem, o tornou inscensivo.

O conhecimento da Filosofia e a Psicanálise, possibilitando professores e profissionais da saúde adentrar nesse misterioso campo da pesquisa e do saber, estará contribuindo para que a sociedade tenha mais perto de si alguém que possa pesquisar e entender os mais diversos tipos de comportamento, e aplicar métodos que permitam resgatar e reintegrar à sociedade familiar indivíduos com problemas diversos de relacionamento.

5 - EM SUA CONCLUSÃO EM MAL ESTAR NA CIVILIZAÇÃO DIZ:

A questão fatídica para a espécie humana parece-me ser saber se, e até que ponto, seu desenvolvimento cultural conseguirá dominar a perturbação de sua vida comunal causada pelo instinto humano de agressão e autodestruição. Talvez, precisamente com relação a isso, a época atual mereça um interesse especial. Os homens adquiriram sobre as forças da natureza tal controle, que, com sua ajuda, não teriam dificuldades em se exterminarem uns aos outros, até o último homem. Sabem disso, e é daí que provém grande parte de sua atual inquietação, de sua infelicidade e de sua ansiedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.FREUD, Sigmund. Mal-estar na civilização, Frankfurt: Fischer, 1999.

2. FREUD, Sigmund. Totem e tabú, Frankfurt, Fischer, 1999.

3. FREUD, Sigmund. A psicologia das massas e a análise do eu, Frankfurt, Fischer,1999.

INVEJA DOENTIA

Antonio Luiz Venturini

Aluno da Especialização em Filosofia e Psicanálise

1. DEFINIÇÃO DO CASO

A Rua das Flores situada no bairro Vale Encantado, conhecida pela simplicidade das casas sem maior ostentação, na cidade de Barra de São Francisco no Estado do Espírito Santo, era uma rua tranquila, pouco movimentada, lugar até então, considerado adequado ao lazer das crianças porque não trazia preocupações para os pais já que as crianças poderiam ir e vir sem risco de maiores incidentes.

Como não há lugar de sonhos, numa tarde de sexta-feira, 14 de julho de 2006, precisamente 14h e 15 minutos um fato de grande impacto viera acarretar uma tragédia tirando o sossego da Rua das Flores.

Um homem de 36 anos, pai de três filhas entre as idades de 04, 06 e 07 anos na ocasião, tirara a vida da ex-esposa, disparando quatro tiros na ex- mulher à queima roupa.

O pesadelo tomou conta dos moradores do bairro. E o assunto da conversa entre vizinhos sempre acabava retornando ao incidente ocorrido. O ex-marido, pelo seu temperamento forte, usuário de bebidas alcoólicas e muito ciúmes da ex-mulher, de tempo em tempo estava envolvido com ela em desavenças e por várias vezes a espancara. Judicialmente já se encontravam separados, entretanto, na realidade, não aceitava que a mulher se envolvesse com outro homem.

Observava-se que todas às vezes que o ex-marido chegava à cidade com bons resultados financeiros, a mulher novamente permitia a aproximação e tirava proveito disso o que dava a ele a sensação de posse.

Essa rotina conhecida pelos seus vizinhos e moradores do bairro, vinha se arrastando há vários anos até ocorrer à tragédia mencionada.

A prisão e julgamento do ex-marido ocorreram como na maioria desses casos, onde o condenado é julgado e preso atendendo às formalidades legais inerentes a esses casos.

2. VISÃO TEÓRICA (FREUDIANA)

A partir do texto apresentado, Freud vivenciando o fato, certamente iniciaria através de indagações e anamnésia, tentando entender o porquê do ocorrido, por que chegar a um ponto tão crucial, por que matar? Se um cidadão considerado normal, apenas em casos extremos da vida chegaria a isso, por que praticar uma atitude extrema que aparentemente não se justifica. Certamente buscaria entender como se encontra o ego, o super ego o eu e o supereu desse indivíduo, de todas suas teorias, buscaria ajustar aquela ou aquelas que mais estivessem relacionadas ao caso em estudo. Como aluno percebe-se que o vasto campo teórico pode e deve ser sempre melhor estudado, através das mais variadas exposições apresentadas por Freud, certamente sempre há de se encontrar alguma ou várias de suas teorias que estarão elucidando os distúrbios da vida cotidiana.

Freud questionaria o fato, descobriria se tratar de um garoto filho mais novo, mimado por todos, parecia uma criança normal, ao se tornar adulto começou a beber, alguns diriam que pelo comportamento tratava-se também do uso de drogas, nada comprovado. Era agressivo com os pais e irmã mais nova. Ao se alistar e servir o exército sofrera um acidente de carro, ficando debilitado por 90 dias, levando depois meses para se recuperar, pelo que parece, a recuperação total se deu apenas no físico, deixando graves seqüelas psicológicas. Tornou-se mais agressivo, bebia demais, nunca se preocupou com trabalho. Por outro lado tinha sempre o que queria, quando não conseguia com os pais, recebia o apoio da irmã mais velha que até hoje acha estar protegendo-o. Casara-se com uma mulher acostumada aos prazeres da noite, isso provavelmente fez com que não confiasse nela. Alimentava um ciúme doentio, o que contribuía para discussões e até espancamento, vindo forçar uma separação. Mesmo assim mantinham de vez em quando encontros amorosos, isso dava a ele razões para vigiá-la todo o tempo. Ela por sua vez, como separada, achava-se no direito de outras aventuras. O fato se repetia até a consumação do ato criminal.

Quando Freud tem em vista contribuir com a antropologia social, apresenta os seus ensaios relacionados à sociedade, buscando responder essas questões de cunho social sob a perspectiva da Psicanálise. Através de suas análises, comparações e observações de casos clínicos em diversos tipos de neuroses, principalmente a obsessiva, apontando relações entre o desenvolvimento da civilização e a repressão dos instintos. Freud afirma impelir a agressividade e a sexualidade. Para a civilização existir é preciso à repressão dessas duas pulsões. Dizia se não existir tais instintos, não seria considerado crime, e não precisaria de uma lei, se tais instintos, como os sexuais, por exemplo, reprimidos podem ser observados como forças motivadoras das neuroses que se projetavam. Como das normas e costumes se convertem em lei, não se faz necessário, segundo Freud, nenhuma ameaça externa de punição, pois há uma certeza interna, uma convicção moral, de que qualquer violação conduzirá à desgraça insuportável. Essa desgraça insuportável é o que remete ao que Freud designou como a morte do Pai Primevo. Justifica em sua experiência clínica o que evidenciou o complexo de Édipo. Não apenas isso, mas como o pensamento obsessivo se assemelha a este esquema de sentimentos ambivalentes, repressão de desejos e forte sensação de punição, caso esse desejo seja realizado.

Caminhos muito deferentes podem ser tomados nessa direção, e podemos conceder prioridades quer ao aspecto positivo do objetivo, obter prazer, quer ao negativo, evitar o desprazer. Nenhum desses caminhos nos leva a tudo que desejamos. Todos os tipos de diferentes fatores operarão a fim de dirigir a sua escolha. É uma questão de quanta satisfação real ela pode esperar obter do mundo externo, de até onde é levado para tornar-se independente dele, e, finalmente, de quanta força sente à sua disposição para alterar o mundo, a fim de adaptá-lo aos seus desejos. Nisso, sua constituição psíquica desempenhará papel decisivo, independentemente das circunstâncias externas. O homem predominantemente erótico dará preferência aos seus relacionamentos emocionais com outras pessoas; o narcisista que tende a ser auto-suficiente buscará suas satisfações principais em seus processos mentais internos; o homem de ação nunca abandonará o mundo externo, onde pode testar a sua força. Qualquer escolha levada a um extremo condena o indivíduo a ser exposto a perigos, que surgem caso uma técnica de viver, escolhida como exclusiva se mostra inadequada. Seu êxito jamais é certo, pois depende da convergência de muitos fatores, talvez mais do que qualquer outro, da capacidade da constituição psíquica em adaptar a sua função ao meio ambiente e então explorar esse ambiente em vista de obter um rendimento de prazer. O homem que, em anos posteriores, vê sua busca da felicidade resultar em nada ainda pode encontrar consolo no prazer oriundo da intoxicação crônica, ou então se empenhar na desesperada tentativa de rebelião que se observa na psicose.

Em sua conclusão em mal estar na civilização diz: A questão fatídica para a espécie humana parece-me ser saber se, e até que ponto, seu desenvolvimento cultural conseguirá dominar a perturbação de sua vida comunal causada pelo instinto humano de agressão e autodestruição. Talvez, precisamente com relação a isso, a época atual mereça um interesse especial. Os homens adquiriram sobre as forças da natureza tal controle, que, com sua ajuda, não teriam dificuldades em se exterminarem uns aos outros, até o último homem. Sabem disso, e é daí que provém grande parte de sua atual inquietação, de sua infelicidade e de sua ansiedade.

3. INDAGAÇÕES

Por que, ainda hoje, com tanta evolução do mundo moderno, com possibilidades diversas nos mais variados campo do trabalho, com possibilidade de escolhas infinitas da pessoa que melhor se ajusta a cada perfil de um ser humano, escolhe-se o indivíduo que em primeiro momento parece bom, enquanto age na busca do que quer, apresenta um comportamento dócil, e no momento que observa que sua vontade não é satisfeita se acha com o direito de ceifar a vida da pessoa que não mais o satisfaz?

Existe uma da razão que poderá nos levar a entender o fato, é procurar saber, como foi o perfil desse indivíduo na sua infância, na sua juventude, na escola em que estudou como era o seu convívio na sociedade em seus mais diversos relacionamentos.

Sabe-se ser um cidadão pacato, que nunca gostou de estudar, que nunca frequentou uma igreja, entretanto, na família suas irmãs todas são diplomadas em curso superior e respeitadíssimas na área que atuam. Entretanto, o filho foge do perfil da família, sua falta de gosto pelos estudos, talvez seja uma das razões da sua debilidade emocional. A não participação de uma igreja deixa-o vulnerável por não adquirir um diferencial que coloca o limite entre o que pode e não pode e, entre o que pela sociedade e pela igreja se julga certo ou está errado e que depois se torna uma norma de conduta, torna-se uma lei que por ela direciona o padrão de comportamento que o cidadão deve seguir. Por outro lado, um indivíduo extremamente ciumento, que usava bebidas alcoólicas para ter coragem de falar e tomar suas atitudes ouve mais o seu ego e superego, esquecendo da razão dos fatos. A abordagem Freudiana apresenta e descreve os mais diversos tipos de comportamento. O caso apresentado se ajusta mais nos relacionados a sentimento de posse, transforma seu cotidiano na crença que pode exercer um domínio doentio sobre a situação, que o indivíduo acredita ter sobre a mulher, razão de sua intolerância e achar que tudo deve ocorrer conforme sua vontade. Nesse caso, nos dias de hoje, um indivíduo vivendo como nas civilizações primitivas, agindo como um pai primevo.

Fica claro que muito do que acontece, está relacionado a uma grande falta de estrutura familiar, carente em quase tudo. Pais, que ainda hoje, se encontram na mais profunda ignorância do saber. Nada tem para transferir para seus filhos. Ao tê-los acabam deixando-os expostos às mazelas da sociedade.

Por outro lado, mesmo sendo um indivíduo que teve base sólida no início da vida, a família o conduz como os demais filhos, entretanto, a situação mostra e pode ser observado um desvio de comportamento nada fácil de entender. Vê-se que nesse caso estamos vivenciando uma situação onde está prevalecendo à obsessão.

A disponibilização do conhecimento como a Filosofia e a Psicanálise, possibilitando professores e profissionais da saúde adentrar nesse misterioso campo da pesquisa e do saber, estará contribuindo para que a sociedade tenha mais perto de si alguém que possa pesquisar e entender os mais diversos tipos de comportamento, e aplicar métodos que permitam resgatar e reintegrar à sociedade indivíduos que antes, pelos seus problemas eram vistos como uma ameaça aos que se consideram normais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.FREUD, Sigmund. Mal-estar na civilização, Frankfurt: Fischer, 1999.

2. FREUD, Sigmund. Totem e tabu, Frankfurt, Fischer, 1999.

3. FREUD, Sigmund. A psicologia das massas e a análise do eu, Frankfurt, Fischer,1999.

UFES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO

ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE



ADENIR FERREIRA DA SILVA BOM JESUS


A influência das massas no comportamento do individuo segundo Freud

ECOPORANGA-ES
2010

Sumário:
1-Introdução------------------------------------------------------------------3
2-Desenvolvimento-----------------------------------------------------------3
2.1-Abordagem histórica do caso----------------------------------------------3
3-Conclusão------------------------------------------------------------------5

1-Introdução
O texto que se seque serve para nos informar sobre a ocorrência de atos fora das “condutas ditas sócias” que na maioria das vezes são cometidas por cidadãos comuns, mas quando o mesmo ato é cometido por pessoas fora de qualquer suspeita, da alta sociedade ou pessoa famosa, como aconteceu recentemente com o goleiro Bruno que foi preso e acusado de ser o mandante do crime contra sua ex-namorada Eliza Samudio. Esse tipo de situação causa uma grande comoção na sociedade, isso ocorre muitas vezes não pelo horror do ato cometido, mas por se tratar de pessoa importante que não fazia parte de um meio social mais propenso a atos criminosos.
2-Desenvolvimento:
2.1-Abordagem histórica do caso
Recentemente o Brasil e porque não dizer o mundo ficou chocado com tamanha brutalidade utilizada no assassinato da jovem Eliza Samudio, quando foi divulgado seu desaparecimento, e no primeiro momento o suposto mandante do crime seu ex namorado o goleiro do flamengo Bruno, em várias entrevistas a imprensa sempre se colocava como inocente, e muitas vezes até se mostrando preocupado em saber a verdadeira causa do sumiço da jovem, porém alguns dias depois a policia passou a tê-lo como um dos possíveis suspeito, e mesmo assim o jogador sempre se esquivando e tentando forjar algum álibi capaz de inocentá-lo do suposto crime. Crime esse que no decorrer das investigações a policia conseguiu chegar a todos os envolvidos inclusive o goleiro Bruno que no momento por tratar-se de uma celebridade dividia a opinião publica quanto a sua autoria no crime.
Durante as investigações a policia consegui identificar os envolvidos e as possíveis causas do crime, ou seja, o porquê do acontecimento, pois de acordo com as investigações o goleiro havia mandado matar a ex-namorada, devido ao fato da mesma esta interferindo em sua vida pessoal, e a forma utilizada para cometer o crime e esconder o corpo certamente foi o que mais chocou a sociedade, pois de acordo com depoimento dos envolvidos a moça teria sido raptada, em seguida torturada durante alguns dias e depois morta, esquartejada, desossada e ainda mais, que parte de sua carne teria sido jogadas aos cães, versão essa que pode ser verdadeira tendo em vista que o corpo da moça ainda não foi localizado, mesmo apos a conclusão das investigações e prisão dos envolvidos, de forma que tudo leva a crer que se não foi esta a forma usada pelos criminosos para ocultar o cadáver, devem ter utilizado outra bastante complexa a ponto de confundir até mesmo a policia.
De acordo com alguns noticiários da época, um dos possíveis motivos que pode ter levado Bruno a planejar o assassinato da ex-namorada teria sido o fato de a mesma ter um filho, que dizia ser seu, e estar cobrando do jogador o reconhecimento de paternidade, além da ameaça de um possível escândalo o ocorrido também poderia fazer com que o goleiro perdesse algum dinheiro pois com o reconhecimento da paternidade, caso o exame fosse positivo teria que bancar uma gorda pensão para a moça, de forma que parece ser esse o motivo que justifica a morte de uma pessoa em meio a tanta brutalidade.
Não podemos entender e nem mesmo conceber a idéia de que algum ser humano em seu estado normal poderia entender que tal ação justificaria ou mesmo resolveria seus problemas de relacionamento, pois bem, estamos nos referindo a um jovem que veio das camadas menos favorecida, que como tantos outros passaram privações e até necessidade de muitas coisas, não teve durante sua infância uma família dita “tradicional”, mas que com seu futebol conseguiu alcançar aquilo que é sonho de muitos e realidade de poucos, ou seja, fama dinheiro, reconhecimento nacional e internacional pelo bom futebol que desempenhava,tendo uma vida inteira pela frente e uma excelente carreira, ainda assim conseguiu jogar tudo para o auto para exercer aquilo que homem tem de mais brutal que é seu instinto de querer fazer justiça com as próprias mãos, sem se preocupar com os meios utilizados para chegar a seu objetivo. O texto Theodor-Adorno-pg 7 traz a comparação direta de formações de massas.
A comparação direta de formações de massas modernas com fenômenos biológicos dificilmente pode ser considerada válida, uma vez que os membros das massas contemporâneas são pelo menos prima facie, indivíduos, filhos de uma sociedade liberal, competitiva e individualistas, e condicionados a se manterem como unidades independentes e auto-sustentáveis; eles são continuamente advertidos de que devem ser duros e prevenidos contra a rendição. Mesmo que se assumisse que instintos arcaicos, pré-individuais, sobrevivam, não se poderia simplesmente apontar para esta herança, mas ter-se-ia que explicar por que homens modernos revertem a padrões de comportamento que contradizem flagrantemente seu próprio nível racional e a presente fase da civilização tecnológica esclarecida. Theodor-Adorno pag. 7

Diante da citação elaborada dentro dos conceitos de Freud, posso entender que a atitude do goleiro Bruno recorre a instintos arcaicos, considerando que seus atos não condizem com os padrões sociais pré-estabelecidos pela sociedade moderna, que segue normas e leis que limitam e pré-estabelecem o comportamento dos indivíduos em sociedade, de forma a facilitar sua convivência no meio social. Analisando esse caso poderíamos perguntar como alguém que conseguiu tantas conquistas poderia colocar tudo em risco como fez Bruno? Seria pelo fato de ao invés recorrer às normas legais ter utilizado de formas irracionais de comportamento para tentar solucionar um problema que poderia ter varias formas de solução? Ou até mesmo com tantas pessoas envolvidas, será que nenhum de seus comparsas conseguiram apontar outra solução para aquilo que lhe parecia ser um grande problemas?



A conseqüência mais importante da introdução, por Freud, da libido na psicologia de grupo é que os traços geralmente atribuídos às massas perdem o caráter ilusoriamente primordial e irredutível refletido pela construção arbitrária de instintos específicos de massa ou de rebanho. Estes últimos são antes efeitos que causas. O que é peculiar às massas é, de acordo com Freud, não tanto uma qualidade nova quanto a manifestação de qualidades antigas normalmente escondidas. Do nosso ponto de vista, não precisamos atribuir tanta importância ao aparecimento de novas características. Seria suficiente dizer que em um grupo o indivíduo é colocado sob condições que lhe permitem se livrar das repressões de seus instintos inconscientes. Isto não apenas dispensa hipóteses auxiliares ad hoc, mas também faz justiça ao simples fato de que aqueles que acabam por submergir nas massas não são homens primitivos, mas exibem atitudes primitivas contraditórias com seu comportamento racional normal. Ainda assim, mesmo as mais triviais descrições não deixam dúvidas sobre a afinidade de certas peculiaridades das massas com traços arcaicos. Menção particular deveria ser feita aqui ao potencial atalho de emoções violentas para ações violentas enfatizado por todos os autores de psicologia de massa, um fenômeno que nos escritos de Freud sobre culturas primitivas leva à suposição de que o assassinato do pai da horda primitiva não é imaginário, mas corresponde à realidade pré-histórica. Em termos de teoria dinâmica o reflorescimento de tais características deve ser entendido como o resultado de um conflito. (Theodor-Adorno pag6).


Relacionando a atitude do grupo, considerado a analise feita pelo texto à cima entendo que, tudo indica que os amigos de Bruno bem como sua esposa e a namorada que aparece no decorrer das investigações, primeiramente demonstram certo encantamento pelo goleiro, pois mesmo sabendo que o ato idealizado por Bruno era completamente inverso aos padrões normais de comportamento, ainda assim todos de alguma forma contribuíram para a concretização do crime,de forma que apesar de serem cidadãos modernos e conhecedores das leis e normas que reguem nosso pais ainda assim deixaram de lado todos os seus princípios e conhecimentos para seguir seu mestre, mesmo quando a atitude do mesmo os levaria a cadeia como foi o caso. Como entender o comportamento do grupo diante do crime cometido? Pois se observarmos na realidade tratava-se de um caso bastante particular, ou seja, que só dizia respeito ao próprio Bruno e Eliza, mesmo assim os envolvidos, não sei se por amizade interesse ou outros motivos que certamente não saberemos,acabaram cedendo aos encantos de seu líder sem se preocupar com a possível conseqüência de seus atos, isso de alguma forma demonstra certa veneração pelo líder de forma que a pessoa se anula passando a acreditar e seguir cegamente a ideologia do líder,o que explica de alguma forma o comportamento e envolvimento dos comparsas de Bruno no assassinato da jovem Eliza Samudio.


Na tentativa de entender melhor o comportamento do grupo me reporto ao texto do professor Vladimir Safatle 2010, Freud como teórico da modernidade bloqueada, mais especificamente ao item que fala sobre a Psicologia das massas: Regras e Fantasias, onde o autor diz que Freud procura compreender porque o comportamento individual é absolutamente distinto do comportamento dos indivíduos no interior das massas.

Se tentarmos analisar a participação dos envolvidos nesse crime podemos perceber como ainda hoje em meio a tantos adventos modernos, globalização das informações, em tempos onde as pessoas possuem todo tipo de liberdade e conhecimento, ainda assim necessitam da figura e um líder que na maioria das vezes não importa se do bem ou do mal, mas alguém que possam seguir.

3-Conclusão:

Por meio do texto, pretendo levar o leitor a refletir sobre o assassinato da jovem Eliza Samudio, bem como o comportamento e envolvimento de todos os comparsas no referido crime, isso nos remete ao fato de que a influencia de outras pessoas em nosso comportamento tanto pode nos trazer beneficio, como também pode nos levar ao cometimento de atos capazes de comprometer nosso futuro em questão de minutos, ou seja, não podemos precisar quem realmente influenciou ou planejou a ação em questão, mas certamente houve um mentor, que dentro destas circunstancia poderíamos chamar de líder, talvez tenha sido o próprio Bruno por ser ele a figura de destaque no episodio. Devido ao fato de ser uma celebridade que despertava em seus amigos em comum e em outros milhões de brasileiros admiração e muitas vezes até o desejo de estar em seu lugar, de forma que não seria difícil para alguém que o admirava tanto, tomar para si suas dores a ponto de fazer justiça com as próprias mãos, de forma inconseqüente apenas para agradar aquele que era visto como um líder, ou melhor dizendo, como pessoa capaz de despertar grande encantamento.Na tentativa de entender o comportamento humano no interior das massas busquei no texto (Psicologia das massas e análise do eu),algo que pudesse está auxiliando no entendimento de tais comportamentos. De acordo com Frankfurt, Fischer, (1999) Se uma psicologia — interessada em explorar as predisposições, os impulsos instintuais, os motivos e os fins de um indivíduo até as suas ações e suas relações com aqueles que lhe são mais próximos — houvesse atingido completamente seu objetivo e esclarecido a totalidade dessas questões, com suas interconexões, defrontar-se-ia então subitamente com uma nova tarefa, que perante ela se estenderia incompleta. Seria obrigada a explicar o fato surpreendente de que, sob certa condição, esse indivíduo, a quem havia chegado a compreender, pensou, sentiu e agiu de maneira inteiramente diferente daquela que seria esperada. Essa condição é a sua inclusão numa reunião de pessoas que adquiriu a característica de um ‘grupo psicológico’. O que é, então, um ‘grupo’? Como adquire ele a capacidade de exercer influência tão decisiva sobre a vida mental do indivíduo? E qual é a natureza da alteração mental que ele força no indivíduo? Diante das questões aqui levantadas gostaria de está refletindo de forma mais aprofundada sobre as possíveis variações capazes de ocorrer na mente humana, de acordo com o meio social no qual o individuo está inserido, bem como o momento em que o mesmo está vivendo e sua capacidade de discernimento entre o certo e errado, ou seja, condições psicológicas para tomar suas próprias decisões sem necessariamente se deixar influenciar por outras pessoas.


Referências bibliográficas:
Freud, Sigmund ;totem e tabu, Frankfurt, Fischer, (1999);
A psicologia das massas e analise do eu, Frankfurt, Fischer, (1999);
Texto do módulo do curso de filosofia e psicanálise - Freud como teórico da modernidade bloqueada, Vladimir Safatle, 2010
UFES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
SUELI SOARES DOS SANTOS DE JESUS
O mito do pai primitivo e a sociedade moderna

Sumário:
1-Introdução:- ----------------------------------------------------------1
2-DESENVOLVIMENTO
2.1-Abordagem histórica do caso em estudo------------------------------2
3- o mito do pai primitivo ------------------------------------------------2
4-Conclusão----------------------------------------------------------- --5

1-INTRODUÇÃO
O empenho em desenvolver este trabalho, surgiu da necessidade de entender o texto estudado sobre Freud, Totem e Tabu e fazer uma analise de um caso baseado neste texto de Freud. Afinal teoria freudiana analisa a mente inconsciente do ser humano e a sociedade no qual ele esta inserido.
2-DESENVOLVIMENTO
2.1-Abordagem histórica do caso em estudo
No interior do município de Ecoporanga há muito anos atrás aconteceu um fato, assustador e polêmico; conta-se que uma família vivia no interior do município, isolada da sociedade; ela era formada por oito filhas, a mãe e o pai, eles não se relacionava com a sociedade, as filhas não estudava, não conversava com ninguém e o mais cruel quando a esposa engravidava de meninos o pai os matava e enterrava no quintal de sua casa, com o passar do tempo a mãe faleceu, e o pai ficou cuidando das filhas sozinhas, alguns vizinhos contaram que ouvia choro de bebes, mas eles não viam a criança, os vizinhos também começaram a perceber que algumas filhas deste homem havia desaparecido.com o passar do tempo o pai faleceu ,e as filhas que sobreviveram , começaram a passar muitas dificuldades, pois não tinha o que comer, pois era o pai que resolvia tudo. Então uma delas começou a socializar com alguns vizinhos e pedir alimentos, uma vizinha descobriu que o pai mantinha relações sexuais com todas as filhas, e quando elas o engravidavam matava os bebês para que ninguém descobrisse, e algumas filhas dele morreram no parto, pois era ele mesmo que fazia o parto. Restaram apenas duas irmãs que são vivas até hoje, e mora neste Distrito de Ecoporanga, uma se casou e tem uma filha, a outra não se socializou, e tem medo até de conversar com as pessoas, a irmã que se libertou deste episódio fez um cômodo no quintal de sua casa para a outra irmã, onde ela mora até hoje.
3- o mito do pai primitivo
De acordo com a linha de raciocínio de Freud no texto Totem e tabu a imagem do pai primevo era de um pai poderoso, violento que detinha o poder do grupo e condena seus filhos a submissão, ou seja, não praticar qualquer forma de prazer sexual. Os filhos se revoltam e resolvem lutar contra o pai, pois os filhos queriam disputar as fêmeas e seu lugar (poder) no grupo. Nota-se no texto que os filhos odiavam o pai, mas ao mesmo tempo o admiravam, então eles recusavam a obedecê-lo e o mataram, com o propósito de assumir o poder que neste caso não era o poder de bens materiais e sim o poder de compartilhar as mulheres. A culpa por este ato tão violento e o medo que esta guerra continuasse, os filhos criaram comunidades de irmãos com direitos iguais na posse de fêmeas. Mas para que isso realmente acontecesse deveriam fazer um ritual onde os filhos devoram o corpo do pai, e incorpora a alma do pai e se igualam a ele e criam uma sociedade mantendo o mito do pai poderoso.
No caso citado para analise observa - se que o tabu do pai primitivo ainda habita até hoje na sociedade, podemos observa isso no caso quando o pai exerce uma posição de poder sobre as filhas, cria seu próprio tabu, e estabelece normas para as elas, ele mantém um relacionamento sexual com todas, e ele sente prazer e satisfação com esta situação. Ela não podia comunicar com ninguém, isso a gente percebe no texto que também nas sociedades do clã as mulheres também eram proibidas até mesmo de se comunicarem com os irmãos, pois eram punidas. E levando esse fato para nossa realidade até hoje essas filhas carregam esse tabu com elas. Pois elas têm medo até hoje de contar para alguém o que aconteceu com elas no passado e serem castigadas pelo pai.
Nota-se que o sexo desde a era primitiva, era visto como um tabu. Percebe-se que o sexo mesmo sendo um ato normal e natural entre os indivíduos, ele ainda é um visto como um mistério, um segredo, e muitas pessoas ainda têm muitas dificuldades, vergonha em falar sobre esse assunto, principalmente quando a pessoa é abusada sexualmente, ela fica reprimida, não sabe como agir diante desta situação, muda o seu comportamento, não consegue levantar a sua auto-estima, não consegue socializar. Na citação de Wertheimer, Michael, 1927, p.178 sobre Freud, ele cita como esses impactos psicológicos acontece na mente do individuo e como ele desenvolve esses comportamentos.

Freud ensinava que todo ato do pensamento é motivado, e a força motora fundamental do homem é a libido, um impulso sexual violento e egoísta e agressivo que constitui o id da personalidade. Todos possuem dentro de si uma força sexual criadora (Eros) e um impulso destruidor e agressivo para a morte (thanatos). Precocemente a crianças descobre que ter um impulso não leva necessariamente á sua satisfação; é preciso de algum modo chegar a um compromisso com o mundo e manipulá-lo de modo a satisfazer os próprios desejos. Isso leva ao crescimento do ego que funciona como intermediário entre o principio do prazer do id e o principio da realidade que domina as interações com o ambiente. Os pais esforçam - se por conseguir executar a tarefa quase impossível de socializar o id, procurando domar o seu egoísmo que é constituído pelos impulsos inatos da criança; isso acarreta a formação de um superego, uma espécie de consciência que faz com que a pessoa se sinta culpada toda vez que um impulso do id consegue expressar-se. O ego é incumbido da difícil tarefa de procurar manter a paz entre o id, que diz eu quero, e o superego, que diz eu não deve, bem como servir de mediador entre eles ambos e o mundo exterior, implacavelmente realista. Ao procurar fazê-lo, o ego faz com que o id permaneça inteiramente inconsciente, o superego quase inteiramente, e o próprio ego é consciente apenas em parte. O ego é obrigado a empregar técnicas complexas e engenhosas para evitar que os impulsos inaceitáveis subam á consciência usando mecanismos de defesas tais como repressão, a sublimação e outras formas de distorção e de auto ilusão. (Wertheimer, Michael, 1927, p.178).

Através desta citação de Wertheimer, podemos observar que o ego, id e o superego são os responsáveis pelos conflitos internos que ocorrem dentro da nossa mente. E a psicanálise tem como objetivo investigar os determinantes inconscientes, e irracionais do comportamento encontrados em experiências da infância.
Se trouxermos este fato para a nossa realidade podemos perceber que muitas pessoas ainda têm dificuldade em falar sobre sexo, e quando acontece um caso como este, os abusadores induzi a vitima a ficar calada, e ela carrega esta culpa para o resto da vida, e não consegue libertar o seu inconsciente. Ou seja, a mente da pessoa é dominada por estes pensamentos desagradáveis referentes a essa violência sexual, onde se torna difícil de liberta a mente destes pensamentos.
Podemos afirma isso quando “Freud demonstra que os atos obsessivos são movidos por um sentimento de culpa cuja origem é desconhecida para aquele que os pratica, denominando-o de sentimento de culpa inconsciente” (Freud, 1976a, p.127).
Nota-se que na sociedade a maioria das pessoas possui algum conhecimento sobre o sexo, mas falar sobre ele, e orientar as pessoas sobre este caso ainda é difícil. Ou seja, muitas pessoas ainda acreditam no tabu e a nossa sociedade hoje ainda carrega a herança do pai primitivo, quantas pessoas já sofreram este tipo de violência, e não conseguiram superar este trauma. Será que é possível superá-lo? Diante do caso exposto no inicio do trabalho podemos observar que uma das irmãs conseguiu superar o trauma. E porque a outra ainda não conseguiu se libertar deste sofrimento? Podemos encontrar essa resposta na citação de Freud onde ele cita que:
O ego tem a tarefa de autopreservação, com referência aos acontecimentos externos, desempenha essa missão dando-se conta dos estímulos, armazenando experiências sobre eles (na memória), evitando estímulos excessivamente intensos (mediante a fuga), lidando com os estímulos moderados (através da adaptação) e, finalmente, aprendendo a produzir modificações convenientes no mundo externo, em seu próprio beneficio (através da atividade), com referência aos acontecimentos internos, em relação ao id, ele desempenha essa missão obtendo controle sobre as exigências dos instintos. Decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas. Adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias favoráveis no mundo externo ou suprimindo inteiramente as suas excitações. (Freud 1975, p.170)
Segundo Freud o ego é a parte da mente, mais ou menos consciente, que lida com a realidade, e a psicologia pesquisa e analisa esse do comportamento do ser humano, e Freud, no texto Totem e Tabu faz essa análise através de pesquisas antropológicas das sociedades primitivas, observa o comportamento dos povos primitivos e procura entender os comportamentos desses indivíduos na sociedade moderna. E se quisermos compreender a vida social nós temos que observar como ela desenvolve os modos de comportamentos.
Freud também se refere o Tabu, como algo proibido, e sagrado que se alguém violar acarretará a impurezas, ou seja, será punido. E o totemismo é uma das manifestações religiosas na época primitiva, ele se baseia na crença da existência de uma relação próxima, como um parentesco, entre um grupo de pessoas, denominado de clã, e objetos sagrados como animais e plantas, chamados totens.
Como o tabu do pai primitivo é visto hoje nas sociedades? A imagem do pai primitivo ainda habita em muitas sociedades, podemos observar que o sexo é motivo de cobiça de muitos e ainda é visto como tabu. A pessoa ainda tem dificuldades em falar sobre sexo, e muitos acreditam que o sexo é um segredo, e não deve ser exposto na sociedade abertamente.
No texto de totem e tabu Freud também explica as proibições do incesto, onde os irmãos eram obrigados a renunciarem as mulheres que eles desejavam ou que tinham sido um dos motivos para matar o pai. Freud ressalta ainda que se conhecermos o desenvolvimento da sexualidade, do individuo poderemos entender as formas de comportamento, dele na sociedade.
4-CONCLUSÃO

A psicanálise sustenta que o conhecimento da verdade a respeito de si mesmo libertará o paciente; na medida em que ele se torne conhecedor das forças de seu inconsciente, o paciente deixa de ser seu prisioneiro inconsciente, e pode levar uma vida racional satisfatória e produtiva (Michael wertheimer 1927, p.180).
Conclui-se neste trabalho que de que o texto de totem e tabu é mito criado por Freud e é através destes tabus que as sociedades criam suas normas, costumes, tradições e a sua lei.

Referências bibliográficas:
Textos do módulo postado na plataforma moodle do curso de filosofia e psicanálise, escrito por Vladimir Saflater; e também o texto de Freud,Sigmund , totem e tabu ;
Algumas citações dos livro pequena história da psicologia de Wertheimer, Michael, 1927, p.178.
Ensaios em filosofia e psicanálise de Claudia Murta, citação sobre Freud 1975, p.170;
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UFES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE
DISCIPLINA - FREUD: COMO TEÓRICO DA MODERNIDADE BLOQUEADA.
A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO DESEMPENHO EDUCACIONAL DO DISCENTE
Tiago Rodrigues de Souza¹
Aluno do curso de Pós-Graduação em Filosofia e Psicanálise-UFES.
Graduado em Gestão de Recursos Humanos - Faculdade de Tecnologia São Francisco.
Profesor de História para as séries finais do ensino fundamental.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo pretende revelar ao leitor a pesquisa realizada de forma sintética pelo professor de História, Tiago Rodrigues de Souza, em seu local de trabalho (escola). E discente do curso de Pós-Graduação em Filosofia e Psicanálise - UFES, sobre o tema: "A Influência da Família no Desempenho Educacional do Discente.
O mesmo procura relatar de forma singela, comentários dos discentes sobre as indagações do docente em sala de aula, a respeito do baixo desempenho dos alunos obtidos através de avaliação escrita. E, a partir dos comentários dos alunos o professor iniciou informalmente uma busca das possíveis verdades contidas na fala de seus alunos. O resultado foi surpreendente e desanimador, conforme descrições que seguirão a seguir no presente documento.
A metodologia utilizada para a elaboraçõ da presente pesquisa foi realizada através de dialogos de forma informal, entre professor X alunos. Foi feita também através da observação do docente sobre as atitudes, ou seja, forma de comportamento dos discentes dentro da sala de aula, no corredor da escola, laboratório de informática, participação em eventos promovidos pela escola, biblioteca e no pátio da entidade educacional (recreio/intervalo).
Dessa forma, espera-se que os relatos sobre o tema acima enlecado, venha ao encontro das necessidades enfocadas pelos professores que atuam em escolas da rede pública estadual e que passam por problemas similares ao aqui apresentado.
2. DESENVOLVIMENTO - ESTUDO DE CASO
Atuando como docente em designação temporária em escola da rede pública estadual, na disciplina de história. Tenho me deparado com alunos com indíce de desempenho regular e em alguns dos casos até insuficientes.
Através da obsevação em sala de aula, pode-se constatar que a causa do baixo desempenho dos aprendizes nas avaliações propostas pelo professor no âmbito escolar, estão ligadas as experiências de vida experimentadas pelo discente fora do ambiente escolar. O que faz com que o aprendiz expresse um comportamento que diverge do comportamento esperado pelo docente em sala de aula, ou indivíduo enquanto peça integrante de uma sociedade composta por padrões e valores previamente convencionados/estipulados, tais como: desleixo com o corpo e material de estudo; descompromisso com as tarefas; desinteresse pelo aprendizado; preguiça; fúria; falta de compreensão com o próximo...
Através de conversa informal (professor X alunos), o docente pôde compreender de uma forma mais saliente as causas de tais problemas e dessa forma, poder auxiliar os discentes no processo de aprendizagem.
A descoberta do docente sobre os bloqueios que estavam dificultando o processo de aprendizagem nos aprendizes foi impactante. Abaixo encontra-se um breve relato sobre os comentários feito pelos alunos sobre a pergunta do professor: "como foi o final de semana de vocês?" Dentre outras mais (diversos dialogos).
Alunos da 2ª série final do E.F. - Professor foi muito bom, o senhor nem imagina. No final de semana passado teve um show aqui na cidade com o cantor Amado Batista, boate, cavalgada. Foi a maior festa. Eu e meus colegas chegamos em casa às 04:00 horas da manhã. Gastamos R$ 150,00 na festa tudo em bebida. Tiramos a maior onda. Andavámos de um lado para o outro com um litro de conhaque debaixo do braço.
Aluna da 2ª série final do E.F. - BLOQUEIO: Apresentação de rebeldia na sala de aula, desinteresse, grita com o professor (responde mal) sê chamada a sua atenção. Desinteresse pela execuação das atividades de estudo propostas em sala de aula.
INCITADORES / ESTIMULADOR DO BLOQUEIO: A matriarca da aprendiz havia rompido o relacionamento conjugal com o patriarca da educanda e se amasiada com uma parceira do sexo femino (lésbica); O pai da discente havia saido da residência familiar e firmado um segundo relacionamento amoroso com outra esposa; A aluna não gosta da amante do pai e da mãe; A discente têm uma irmã menor que também estuda na mesma escola (primário) e que a mesma se preocupa com a irmã menor.
...
Segundo o mindicionário da língua portuguesa, Silveira Bueno, editora Lisa, ed. 2008, página 288. A palavra FAMÍLIA, significa: s.f. Conjunto de pai, mãe e filhos, pessoas do mesmo sangue, descendência, linhagem, (Hist. Nat.) agrupamento de gêneros ou tribos vegetais ou animais, ligados por caracteres comuns, cujos nomes nos vegetais se escrevem com a terminação àceas e são femininos, e nos animais com a terminação idas e são masculinos; (Gram). Conjunto de vocábulos que têm a mesma raiz.
Para, MINUCHIM, 1990. A família é compreendida como um conjunto invisível de exigências funcionais que organiza a interação dos membros da mesma, considerando-a, igualmente, como um sistema, que opera através de padrões transacionais. Assim, no interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser formados pela geração, sexo, interesse e/ou função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os comportamentos de um membro afetam e influênciam os outros membros. A família como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raizes universais.
É importante aqui relembrar-se da definição da palavra família, devido ao fato de ser esta a principal entidade social que ofertará os valores, regras, educação e ética ao novo integrante do grupo familiar (recém-nascido) e componente da grande massa popular (sociedade).
Nota-se que, em um ambiente familiar desestruturado, os filhos tendem a comportar-se socialmente de forma contrária a aquela conduta que os demais indivíduos que não vivenciam aquela situação conflituosa em seu núcleo familiar apresentam.
A psicologia social propõe que, desde a descoberta do inconsciente freudiano, as transformações sociais na constituição da subjetividade têm levado a psicanálise a refletir sobre o seu lugar na cultura. Diz que os textos freudianos sobre a sociedade e a cultura possibilitaram aos psicanalistas instrumentos efetivos de análise social e política, em suas dimensões individuais e coletivas, que os analistas, marcados pelo ensino de Lacan, exploram as relações do sujeito com o poder, a alienação, o desamparo e a crueldade presentes em diversos fenômenos sociais.
Assim, a família deverá ser encarada como um todo que integra contextos mais vastos como a comunidade em que se insere. De encontro a esta afirmação, JANOSIK e GREEN, referem que a família é um "sistema de membros interdependentes que possuem dois atributos: comunidade dentro da família e interação com outros membros". (STANHOPE, 1999, P. 492).
Portanto, constata-se que a família ocupa um papel primordial, fundamental e de especial relevância na vida educacional e social do indivíduo (filhos).
No âmbito escolar espera-se que o docente consiga transmitir e lecionar aos seus alunos um novo conhecimento que até então os aprendizes não haviam adquirido/refletido. E, que os discentes consigam através de questionamentos, exposição de idéias, reflexões, dúvidas, audição. Aprender o novo conhecimento que está sendo estudado em sala de aula. Espera-se que os mesmos mostrem-se como parte interessada no processo de aprendizagem, realizem as atividades, absolvam o conhecimento, consigam alcançar boas notas, participem dos projetos escolares, enfim, que os mesmos sejam parte integrantes do processo de ensino aprendizagem. Não somente como aqueles que escutam algo que até então não sabiam, mais, como aquela peça fundamental, essêncial, de contribuição e partilha de informações no processo de aquisição e transmissão do conhecimento.
Logo, no estudo de caso (pesquisa) acima enfatizado, percebe-se que os discentes apresentam um comportamento patológico, face ao entendimento sobre o comportamento normal esperado pelos educadores.
Eis que surge a seguinte indagação: O que o professor dever fazer para conseguir alcançar um indíce de desempenho escolar satisfatório, ou seja, conseguir fazer os alunos interessarem-se pelo estudo proposto em sala de aula? Se tornarem motivados a estudar? E, conseguirem aprender o conteúdo proposto pelo professor, em meio a tantos bloqueios externos ao ambiente escolar e que determina de forma significativa o aprendizado do educando?
Dessa forma, constata-se que na escola tomada como objeto de estudo na presente pesquisa e também nas demais entidades de ensino educacional em que os docentes e discentes apresentam comportamento similar ao bloqueio tomado no presente artigo como objeto de estudo. É sugestionado que seja trabalhado na escola projetos que visem a motivação pessoal, relcionamento intrapessoal X interpessoal e de orientação sexual e de ética. Com o propósito de levar informações precisas e necessárias para os discentes que as desconhecem ou que as ignorem, pois deste jeito, poderá os docentes conseguir alcançar resultados satisfatórios em sala de aula, no que diz respeito a motivação do aluno pelo estudo proposto pelo professor; atenção concentrada; maior participação do aprendiz em ambiente educacional; postura ativa e quem sabe recuperação e/ou livramento de alguma situação embaraçosa ou conflituosa experimentada pelo aprendiz fora das paredes do ambiente escolar e que faz com que o mesmo apresente algumas "patologias" na sala de aula.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que em um núcleo familiar bem estruturado, aonde haja o dialogo como principal mecanismo de entendimento, colaboração, orientação. faz com que os seus integrantes estejam mais aptos a se relacionarem socialmente de forma mais harmoniosa para com o semelhante e também para consigo mesmo.
Portanto, ao se falar em educação é praticamente impossível não se pronunciar a importância da família no processo histórico (do indivíduo), educacional, social e cultural do mesmo.
Com relação ao estudo de caso real, realizado no ambiente profissional do autor, constatou-se que, os fatores sociais externos vivenciados pelo aprendiz fora do ambiente escolar influência de forma direta no rendimento escolar do educando. E que tais influências, fatores externos à escola, além de prejudicar o aprendizado do discente, também gera transtornos psicológicos no aprendiz, tais como: trsiteza; angustia; depressão; fúria; insegurança; perda da atenção concentrada; desmotivação pelo estudo; preguiça; desânimo, dentre tantos outros aspectos de ordem psicológica que bloqueia o aprendizado (saber) do aprendiz e impede o mesmo de ter um bom rendimento, no que diz respeito, a aquisição do conhecimento lecionado na escola e um indíce de desempenho satisfatório, ou seja, conseguir tirar boas notas.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Freu, Sigmund; totem e tabu, Frankfurt, Fischer, (1999);
A Pscologia da Massas e Análise do Eu, Frankfurt, Fischer, (1999);
Texto do módulo do curso de Filosofia e Psicanálise, Freud: como teórico da modernidade bloqueada, Vladimir Safatle, 2010.